Victor Requião

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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O lago hoje estava sem balanço em suas águas,
Como se apenas observasse a tonalidade cinca claro
Vinda das nuvens que sobre si passavam sem cessar.

E como num divã natural,
Repleto da essência da própria natureza
Pode o não-desejo deitar-se,
Observando e falando palavras espontaneamente.

Vindas de um mundo desconhecido,
Envolto em outros novos mundos.
É tão maravilhosa a possibilidade
De entregar-se a eles, um após outro,
E mergulhar nas águas do auto-permitir.

Passa por mim alguém que conheço

Acenando-me a mão libera o seu sorriso,
Algo tão breve e sincero que desconheço.
E se fez tão honesto que me fiz amigo.

Com tantas vezes que vi, diversas, 
Muitas vezes longe, mal senti.
Desde o tempo onde calados estávamos,
Para em breve estarmos em caminhos parecidos.

Passa-me rápido
E saboreio o resquício da bebida ainda em minha boca.
Gole tomado antes mesmo de imaginar-lhe passar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

"Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio,
pois quando ele ali entrar a segunda vez,
já é outro homem, e o rio também já é outro."

Heráclito de Éfeso


Tudo que me é dito como eterno, eu duvido.
Por mais que tudo esteja aparente em seu lugar
Engano há, tudo mudou, intimamente mudou.

Então tudo é sempre novo,
A oportunidade um dia tida,
Será renovada em outra mais à frente.
Mas a mesma em si, já se foi.

Nem mesmo o hoje,
O amanhã não será como o depois.
Assim, não venha sempre como o agora
Abra-me suas diversas possibilidades
E conquiste-me em cada ser seu.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Em posição lenta
O corpo imita o Sol.
Movimentos, repetições
Como dança a embalar sutis respirações.

Tão antigas, mas parecem novidades
Sem mestres, ou quaisquer outros guias.
Os ensinamentos brotam, quase sem querer
Mas com intenções verdadeiras deixadas a quem se permite.

Saudando o Sol em corpo ereto,
Vivencio posições minhas, não só do meu corpo.
Mas de toda a existência que habita em cada inspiração,
De qual me torno uno com tudo que há em mim.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Vou caminhando entre diversas realidades,
Tantas que nem me importo.
Apenas sinto a sutil linha
Que separa uma das demais.

Entre essas diversas formas,
Coexistem mesmas visões
Que ganham cores e possibilidades
Cada uma à sua maneira,
A cada passo que é dado nelas.

Como bolhas, coexistem e são como são
Passando despercebidas pelos demais do mundo
Nem mesmo ao se tocar em sua linha divisória
Que tomam cores e novos contornos
A visão comum nota-lhe a existência.

Então em momentos breves
Quando o olhar se desapega,
Tornando-se pura contemplação
Surge a beleza das coisas
Envoltas em novas tonalidades.

Tenho constantemente me pegado a olhar o horizonte
A admirar as distâncias, e o vibrar dos lugares.
As leituras tem sido senão caminhos a direções algumas,
Criando a sintonia necessária ao reino das coisas.

Toda a viagem feita pela manhã
Sempre conduz a uma nova Natureza,
Existências diversas, além de qualquer estado meu.
E me põe a não discutir qualquer significado,
Pois sendo assim, há sempre novas revelações.

E ao chegar da noite,
Esperada indiretamente,
Mudo a posição da minha cama.
Para que possa simplesmente ver as diferentes tonalidades do céu
E acordar sem nada pensar.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Enquanto deitado, numa vontade despretenciosa de nada fazer
Sinto o querer de ouvir sua voz
Mesmo sem nunca a ter ouvido,
Apenas a sensação de a perceber ecoar pelo ar que agora me envolve.

Ouvi-la seria maior que qualquer outro querer
Que neste exato momento me faria completamente envolto
Nas belezas de nada ser
Enquanto o que não é meu está aqui comigo.

Mas sei que de seu corpo, flutua como aroma desconhecido
A distante leveza de vê-la dançar,
Não com os olhos.
Ah! Estes de nada serveriam...