Victor Requião

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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mãos dadas



"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos). "

F. Pessoa

E tudo vem mudando
Tão sutilmente, indiretamente.
Fazendo estar próximo e quase tocando
O que havia pensado, e até preferido, que longe estivesse!

Mas pensando bem,
O querer existia, e mesmo agindo diferente,
Mesmo cultivando outros jardins,
Havia a semente por trás do quintal.
Que surgia como se durante o sono fosse regada
Para que quando acordasse, nada fosse lembrado.

O que virá desta semente?
Uma flor, certamente.
Mas haverá frutos, novas sementes?
Haverá sombra por onde deitar e observar quem passa ao longe?

Não importa, apenas vale é o que vingou.
E de nada há o pensamento,
Quem além de simplesmente recear novamente,
Imagina que tudo retornou.

Mas que venha,
Estando entre os mesmos jardins,
Mas em novas tonalidades naturais
E em um novo brotar da terra...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Rosa dos Ventos


"And every road I walked would take me down to the sea
With every broken promise in my sack

And every love would always send the ship of my heart

Over the rolling sea
"
(Sting - Valparaiso)


Fica sem porto, navio distante
Não precisas de algo seguro
Tuas velas te levam pelo mundo
E te atracam em terras de muitas cores
Muitas gentes, e muitas verdades.

Nestas terras há o incenso, e há o vermelho
Das tinturas em pele, e das paredes brancas das casas
Que refletem o sol
E que brotam as figuras de vida.

Não te prendas, não necessitas de um caz cego
Tampouco de um ancoradouro que te perca a direção
Contempla o que tens, e o que te trouxe a perceverança.
Mesmo que duvidada, segue a rota solene
Das marés e da estrela do norte, lá estará sempre o teu novo início,
Lá estará a rosa dos ventos que sopram os cabelos do teu capitão!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Vento leste
Sol que doura a pele
Amorenando os lábios
Que sintilam sob luas de verão.

Os castelos, e ela

Na altura dos castelos feitos de nuvem, lá de cima
Vejo as figuras que passam,
E me observam como se nada fizesse diferença
Além certeza de não haver pressa.

Os caminhos me direcionaram, para longe, muito longe
E nem sentia a distância, e nem me sentia longe
Pois não havia elo que me unisse a nada
Intimamente real de onde vim.

Então, como se ao vê-la tudo fizesse um sentido insone
E eu me pegasse a pensar, e a recear novamente reviver
O lado íntimo meu, profundo e honesto como o sorriso dela.
Não sei, e não tenho como saber.
A não ser evitar apressar o tempo, mesmo que de longe,
Para que me torne perto, e os castelo de nuvem me levem
Sentindo a minha presença junto a dela.