Victor Requião

Assine

Sobre

Twitter @victorrequiao

domingo, 23 de agosto de 2009

Despretenção

Na essência dos livros e dos discos nas estantes desconhecidas,
Eu me ausentei de tudo por um instante.
E novos ares, ouvindo atento quem falava,
Levaram-me à direções próximas e reais.

No silêncio do quarto, entre meus discos sossegados num canto
Despertei a música de outros tempos
E deixei que exalasse sua melodia por todos os outros cantos e por mim.
Esqueci do dia, e na noite envolto agradeci pela chuva que caía.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Movimento

A melhor das presenças
É a aquela vinda na tranquilidade.
Mesmo que tudo corra e estranhe a calma,
No que há além vê-se a novidade
Que traz aos ouvidos as palavras do que há de vir.

Mas não, não é necessário a pressa com que tudo corre
Nem o viver num ciclo sem sentir, apenas por ser.
Pois mesmo as sensações, mudam e ensinam a mudar,
E não há força estanque que impeça o movimento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Família

No que um dia foi nascido
Não houve escolha, pois simplesmente lá já estava.
E todo o crescimento feito em direções até então não sentidas
Foram apenas seguidas pelo conforto do desconhecimento.

Mas já crescido, homem feito,
Ainda com o vento que sopra em várias direções,
Há o (re)nascer da Vontade
E de todo o sentir vindo dela e do Caminho.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Confiança

A cicatriz esquecida se tornou visível,
Emergindo de tudo antes inocente e despretencioso.
Mas este era outro tempo, não havia tantos pontos de vista
Que hoje se tornaram farpas ainda sendo retiradas pela persistência.

A herança de um passado que está além do que hoje é verdadeiro,
Não traz significado algum no que há agora.
Pois como uma fagulha caída no oceano não ofusca a escuridão do mar,
O movimento de ondas passadas não impede o crescimento do coral.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Perseverança

Do mar esquecido e há muito tempo não navegado,
Rodopios e ondas bruscas trepidavam sob a maré
Onde havia a calmaria inconsciente de um tempo breve,
Pois as núvens já se movimentavam ao longe
E a frieza do vento já anunciava ventania.

Da terra, mesmo sentindo o que havia de vir
E ainda lembrando do sorriso do que não mais preenchia
Lançou o seu barco esperando as variações da maré.
Quando no seco muito mudou, mas ainda não há briza,
E é por ter esquecido do fogo que acendeu uma fogueira.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Paciência

Quando a força perene que oculta a razão
Surge nas formas mais duras e diretas,
Como flecha disparada que atinge o próprio arqueiro,
Tudo some, e tudo aparenta perder o seu lugar.

Então, o silêncio em si vêm como necessidade
Para que o eco do interior se propague até perder intensidade.
E o lago manchado pela água turva da chuva revolta,
Deixe-se clarear pela boa vontade do Sol.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Esperança

Na mais interna fonte,
Fluem diversas águas.
Tão parecidas que se confundem
Até que as bolhas de suas sensações
Flutuem até a superfície e revelem sua natureza.

E ao estourarem levando à tona suas diferenças,
Conflitam suas diversas nuances
Elevando desejos, e mudando visões
Até que lá no fundo as águas se misturem num só matiz
E um outro mundo se revele vindo de suas profundezas.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ontem eu tive um sonho, e antes de ontem eu colhi o sereno com as mãos...

Voltando de lá, de terras não minhas que me acolhem
Faço-me vivo como num instante,
E neste pequeno tempo ligeiro
Tudo me pulsa frente aos sentidos em afagos de sinceridade.

Por lá, anseia meus pulmões pelo ar da calmaria
Pelo ritmo de estar na sensação do lar que me escolhe
Reconstruindo cada fragmento meu
E unindo cada um deles pelo direito de me reinventar.

Ao voltar para o meu quarto envolto em novos olhares
Percebo que a janela, tão vista e despercebida aos olhos
Traz de volta o luar antes esquecido
E lá sem raciocinar me aproximo.

Mas então, sim os meus olhos notam
E há céu, sempre houve lá em cima
Tanto nas noites de luar
Quanto no breu da lua nova.

Sem perceber, pelo menos no início,
Sou abraçado como amigo pela escuridão,
E dos meus braços esticados da janela
Colho o sereno com as mãos.

Ah, da Natureza e do seu amor
Sinto o chamado e o calor da volta à Verdade.
Não, ainda não a vejo por completo
Mas há algo que sintila e me faz adormecer.

E num sonho que mais parece uma encarnação
Há os montes e o brilho das paredes de pedra
Que resplandecem do alto frente ao vale entre os montes.
Lá havia cor e a Verdade dançava como menina.

No meu amor envolvo o meu sossego
E no sorriso teu comigo vem a vontade de ser natural contigo, menina.
Pois estarei além das ventanias, sim!
Para surgir na eterna beleza que anima minha alma.