Victor Requião

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quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Hoje, como antes
Mais uma caminha ao que era.
Volta ao começo, após um novo fim
Levando novidades de tempos novos
Para onde não há tempo.

E vai, segue, voa.
Sem pernas ou olhos,
Apenas em energia
Como a fagulha de um pensamento que desperta.

(À alguem que hoje fez a passagem...)

sábado, 2 de dezembro de 2006

Reflexos de verão...

Sinta o reflexo do Sol em casas antingas
E lembre-se dos antigos que sentiram o Sol...

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

E o vento passou, trouxe o cheiro do que era.
Da água fria de tempos, e das visões.
Do verde que permeava o pensamento,
Entre sinuetas de outrora...

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Changing...



quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Sopro...


Elliott Smith - Miss Misery


É no sono que me vejo entorpecido
Como força mágina e mórbida
Que conduz a um estado elevado.
Onde vejo diferença...

Na diferença que vejo outros mundos,
Senão apenas reflexos em gotas de água
Que caem de lugares mais altos.
E refletem certas verdades...

Quando desperto, descrente da volta.
O tempo continua o mesmo,
E inquieto pressinto uma quase-certeza
De que de lá eu senti a briza que agora aqui passa...

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Ausência...


Não estou,
Fui lançar versos ao vento...
Fazer com que sigam, se levem
E que me ensinem como assim fazer.

Da pedra mais alta estarei,
Com eles em meus olhos e alguns nos cabelos.
Soltos, quase caindo
Pendendo do alto sem pensamento.

E por trás de tudo é simples,
Estou a lembrar da montanha magestosa
Que é rainha sem se impor.
Aí está a liberdade...

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Um ponto concreto na abstração...

Somente quando não penso, chego à plenitude de um devaneio meu.

(À Kátia, por me fazer conseguir transcrever isso em palavras...)

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Atualidade no espelho...

Peito cego,
Mente vaga.
Lábio demente,
Pensamento descrente.

Caminhos antigos,
Passos mesmos.
Paz interna,
Homens sofridos.

Pensamento descrente,
Lábio demente.
Mente vaga,
Peito cego.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

(...)

Estou completamento nú e entregue à abstração, hoje senti forte o efeito de tal atitude "despojada". Tenho pensado muito sobre a natureza das coisas, principalmente aquelas que são originadas, direta ou indiretamente, pela mente humana. Que não passa de uma pequena fonte de energia comparada com a grande imensidão do cosmos e de todos os outros seres que vivem e convivem conosco, apesar de a sua grande maioria não serem vistas ou sentidas por tais mentes, nossas.

Sou apenas alguém entre a imensidão de seres, que seguem as suas vidas diárias tentando de alguma forma manterem ativos os seus corpos biológicos e tentar dar-lhes algum tipo de subsistência que os impessa de apodrecer enquanto carne. Mas o divertido e contraditório é que simplesmente existe algo em nós que não sentimos, mas está e muitas vezes é questionado, estudado as suas partes e suas supostas responsabilidades, o cérebro. Ele está dentro de nossas bolas de cálcio e simplesmente comanda todo o mecanismo, nos entregamos à ele, deixamos que ele tome conta, que faça o serviço pesado de nos conduzir através da existência corpórea. Apesar de as vezes, confesso, me sentir extremamente desconfortável de saber que tal coisa dentro de mim, mas na verdade é engraçado como os homens usam o próprio cérebro para estudar outros cérebros. Seria possível tal compreenção? Seria possível seguir um curso sem que estejamos num patamar de elevação que nos permita ver (sem os olhos, oras!) o real estado das coisas?

Acredito que a mente na sua infinita amplitude seja capaz de tal ato, mas disso eu quero tirar as concepções deduzidas por sábios (homens!) que de alguma forma tiveram um acesso à elevação que mencionei a pouco. A meditação, um caminho antigo para o "sair de si mesmo" seria uma boa escapatória da ilusão criada por tais cérebros, comandantes e inventores de necessidades. Mas isso tambem tem um sentido muito subjetivo que por mais que eu tente, acabo por entrar num devaneio que muitas vezes me conduz a um estado realmente fora da realidade aparente que crermos existir. Tem algo que creio ser simplesmente o caminho perfeito, para o encontro da pista de como o real (não a do dicionário) pode ser encontrado em nós.

A arte! Simplesmente algo cerebralmente humano e solto, sem prisões físicas mas ainda condicionado à limitação de pensarmos e crermos ter o poder (e o direito!) de mudar as coisas como se elas fossem realmente projetas para nós por algum ser metafísico em um outro estado inatangível pela nossa compreenção. Essa arte se manifesta das formas mais inusitadas, claro que formas que foram criadas por nós e para nós. Essas mesmas formas nos entretêem e nos fazem crer que há beleza nisso tudo, o que eu concebo que deva existir de alguma forma.

E essa tendência à simetria? Vinda dos gregos, é o que dizem, mas não tenho como afimar. Nos prendemos à forma dentro de uma cúpula desforme, dentro de uma abstração tão clara que as vezes quase posso tocar, e ela nos anestesia de alguma maneira. Universalmente não há simetria, senão o pensamento humano que tende à tal idéia (cerebral!) de perfeição, mas há os opostos. E a complicação disso tudo é aceitamos e nos deixarmos guiar pela duplicidade das coisas, não falo de deuses que brigam pela devoção humana. Um pensamento não teísta é nessa hora algo extremamente salutar, acabamos porque a duplicidade se completa de uma forma não simétrica, não linear. Tendendo a um caos completamente existente em tudo! É simplesmente queimarmos um pouco do nosso fosfato cerebral para analisar as dedução matématicas, para crer que podemos criar um universo completo numa folha de papel, que me perdoem as irmãs árvores. E assim termos mais um fruto de nós mesmos, se podemos dentro de nós ou externamente como estão a futucar "cientificamente" a anti-matéria criar coisas, cosmos, cisnes voadores e chips de silício, por que não poderia haver outras mentes cogitando tal situação?

Eu nem quero pensar nisso, pois já me basta o grande número de variáveis que tenho de lidar diariamente dentro de um algorítimo orientado à objetos (e por que não à aspectos?) dentro de minha mente. E apenas aqui deixo um pensar, se estou aqui a escrever é porque aqui estou, seja por estar usando o meu ventríloco corpóreo ou seja porque os macacos conseguiram a grande façanha de inspirar Darwin. Então por que não poderíamos pensar juntos num universo distante e compartilhar coisas tão próximas quanto o ato de nos olharmos no espelho?

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Certeza incerta...



"The bird fights its way out of the egg. The egg is the world. Who would be born first must destroy a world. The bird flies to God. That God's name is Abraxas" - Hermann Hesse, Demian


Há quanto tempo não houvia algo coerente e mentalmente plausível quanto essas palavras de
Carlos Machado! Não mais algo simples comumente falado entre as pessoas e meios, simplesmente algo real, nosso e verdadeiro.

Verdades intríssecas e neutras, não criadas por deus algum, tampouco por reflexões humanas sobre a forma quadrada do próprio umbigo...
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Certo
Carlos Machado

As coisas não dão certo. Nunca deram certo. Não foram feitas para dar certo. Nós é que temos a ambição do alinhamento e da simetria. E até inventamos deuses perfeitos, construídos à imagem e semelhança do que sonhamos.

As coisas não dão certo. Nós é que cerzimos o pano, obturamos o dente, remendamos a fronteira no mapa e inauguramos na estátua de chumbo um simulacro de ave. Queremos crer que as coisas dão certo, que as coisas agora estão dando certo e - se Deus quiser – sempre darão.
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Carlos Machado, é jornalista, nascido em Muritiba (BA) em 1951. Embora escreva poesia há longo tempo, é inédito em livro. Edita um boletim literário semanal, poesia.net, distribuído por e-mail.
Endereço na web: www.avepalavra.kit.net.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Beginning


A quite different beginning, what I common say "expose the inner side of things". "What thing?" you may ask, your thing, mine, ours!

I had (until some days ago) never intended to be part of this new ideia of sharing with other people my thoughts and reflections, like the "blog" term is being used. But here I am, letting this new way happen, sometimes words in English (like now) and Portuguese. And so it goes, simply...

Just for now a little bit of the unsocial style of Álvaro Campos (F. Pessoa) which I appreciate very much...

Lisbon Revisited

No: I don't want anything.
I already said that I don't want anything.

Don't come to me with conclusions.
The only conclusion is dying.

Don't bring me your aesthetics!
Don't talk to me about morality!
Get your metaphysics out of here!
Don't preach complete systems to me, don't give me the ranked conquests
Of the sciences (of the sciences, my God, the sciences!) ­
Of the sciences, the arts, of modern civilization!

What harm have I done to all the gods?

If they hold the truth, let them keep it!

I am a technician, but I have technique only inside technique.
Outwith that I am mad, with every right to be so.
With every right to be so, did you hear me?

Don't pester me, for the love of God!

You'd like me married, futile, everyday and taxable?
You'd like me the opposite of this, opposite to something or other?
If I were somebody else, I'd do you all a favour.
Like this, the way I am, just be patient with me!
Go to the devil without me,
Or let me go to the devil on my own!
Why do we have to go together?

Don't grab me by the arm!
I don't like people grabbing me by the arm. I want to go alone.
I already told you I'm on my own!
Ah, how you bore me with your wanting me to keep you company!

Oh blue sky ­ the same one from my childhood ­,
Eternal truth void and perfect!
Oh gentle Tagus ancestral and silent,
Small truth in which the sky is reflected!

Oh sorrow revisited, former Lisbon of today!
Nothing can you give me, take from me, nor be anything that I feel.
Leave me in peace! I won't be long, I never take very long ...
While the Abyss and the Silence keep me waiting, I want to be alone!

Álvaro Campos