Victor Requião

Assine

Sobre

Twitter @victorrequiao

domingo, 26 de abril de 2009

Rabisco de lucidez

Deve haver loucura em não pensar nas dificuldades
Ou no que poderá vir com os passos adiante.
Mas é melhor não pensar nisto
E simplesmente seguir, sentindo o caminho.

A escolha e a beleza estão no caminho, e não no fim.

Domingo à tarde

A caminho do sono da tarde, eu penso, continuo a pensar e não me esqueço
Pois mesmo de longe, na lembrança de um sorriso seu, eu aquieto e adormeço.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Chuva

A cidade húmida dorme, e o querer de estar perto anseia por despertar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Afagos nos cabelos

Num desejo de cobrir o desconhecido
Com o melhor que há em mim
Eu receio, não pelo que desconheço,
Mas por tudo já antes sentido.

Mas o que me vem de longe, de terras suas,
Impulsiona a beleza que sinto quando penso
No que acontece quando termina a correria dos seus dias
E temos o momento onde lhe posso ter serena.

Minha mão entre os cabelos,
Aqueles que vejo em figuras suas,
E mesmo não podendo agora tocar
Virão em afagos, seja na luz do Sol ou da Lua.

___
Para W.


(Bob Marley - Mellow Mood)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Once upon today

It's been so different now the sensation of the other. What was used to be accustomed before, now just looks like shattered sensations which cannot find a place to grow in myself. What really exist is the present, nothing more indeed. So, there is no intent of "gathering a yard to let the butterflies come", or regret the great moments once lived.

Yes, what only takes place is the consciousness which belongs to me, and the treasure of existence is being aware of what is around, neither more nor less.


(Gene Clark - Polly)

domingo, 19 de abril de 2009

Por céus, terras e mares...

Ah, não sabes e nem conheces,
Afinal não cabe a tua natureza.
Sim, aquela que te ensinaram,
E que toma qualquer gesto que venha a mim.

E fui-me em tentativas,
Quais não mais me cabem,
Pois não são minhas, e nem surtem efeito à minha natureza.
Dependem de atitudes além-mim.

Não, não há tristeza, nem desabrochar
Porque não há flor plantada
E nas minhas terras
Ainda não foram lançadas as sementes.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Joy

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O olhar que passava

Indo de desertos à campos verdes em um único dia.
Cruzando lampejos de paisagens adormecidas
Que acordavam lentamente ao olhar que por elas passava.
Mas não era visto, pois o ver ia muito além do abrir de olhos.

Numa casa simples, cedo pela manhã,
Saiu uma criança descalça à porta
Coçando os olhos que teimavam em abrir.
O sol tocou-lhe os cabelos e os fez reluzir ao olhar que passava.

Longe, mais à frente, um homem cuidava do campo,
Não percebendo o olhar que passava.
Suas mãos tinham a cor da terra
Ao mexer nas sementes e na força que enterrava.

Na cidade de mármore havia homens
Tão entretidos em seus negócios
Que não percebiam o Sol, nem eles mesmos,
E ausentes continuaram ao olhar que passava.

Ao mesmo tempo que cruzava vales e cidades
O tempo seguiu e apagou da paisagem o olhar que passava.
Não havendo mais sinal de que lá esteve
Ficando apenas marcado os acontecimentos na memória que não esquece
Daquele que cruzou a Natureza deixando-se passar.

sábado, 11 de abril de 2009

Blue light

The bluest light came from the dark sky
While I woke up during the night and faced up the moon at the window
Which was not showing me anything, but there I was awake.

Calmly, nothing in mind, except the being of myself
And the pleasure on my own.
When returning to bed, deeply I got asleep
To carry the world's burden in the next day.

But now I am singing, and that's all that matters...



(The Beatles - With A Little Help From My Friends)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Calor inebriante

O calor amolecia os sentidos
Tornando a visão leve e embassada
Não havia pensamento presente
Nem qualquer noção do tempo que apressava.

Dai vem o questionamento,
Até que ponto isto é merecido,
Vendo que o suor que escorre do rosto
Mostra que nem tudo é lembrado ou reconhecido.

Então somente o desacelerar
Em cada atitude e pensamento
Pode mudar as coisas, presentes ou futuras, não importa.
Fazendo valer a pena cada intento.

domingo, 5 de abril de 2009

Lantejoulas



A dançarina envolvia o ar à sua volta em diversos aromas enquanto dançava, o perfume misturado ao suor da sua pele, exalavam aos em três pontos iluminados por velas na sala circular de tom avermelhado. O seu sorriso belamente vestido nas voltas da sua dança e olhar, hiptonizava a todos que prestavam atenção aos seus detalhes, brilhando no tom amarelado que as chamas faziam pela parede ao tremerem no ar dos seus gestos. Ela sabia disto, mas no momento não pensava, vindo somente a sensação quando tudo terminava e via pairar no ar o vapor da dança que deixara. Os movimentos dos seus braços encobriam todo o seu quotidiano, e deixavam para além tudo o que se passava durante o seu dia. Ela não fragmentava os momentos da sua vida, todos eram continuamente um só. Não sentia a si mesma transpassar o momento em que estava dançando daqueles onde parecia aos olhos do mundo como mais uma mulher a seguir o destino que traçara a si própria.


(Jagjit Singh - Main Nashe Main Hoon)

Vendo lá de cima

O teu fardo, peso criado por ti
Começa a dissolver na atenção que destinas
Ao que há em cada ponto vivido
E no completo desamarrar dos nós que aos poucos vais percebendo.

Ah, entre os amigos e amores revividos
Passam-te os dias inteiros, e não estás em casa
Pois já a muito mudastes os conceitos
Do tempo que crescera, das formas da infância e dos amores vividos.

Não puxa o peso, nem o carrega contigo
Deixa na estrada que levanta o pó quando passas
E vai para teu recanto na Natureza das montanhas, além dos espaços,
Lá onde sempre haverá a vista ao longe do firmamento que muda de cor.

Mas não te esqueças dos prédios e edifícios feitos de pedra artificial,
Do peso da vida entre eles, pois tudo veio como irá.
Então na medida que o teu peso for sendo dissolvido por ti,
Quanto mais pesado forem os dias mais leve sentirás
E não te importarás mais por amanhã não ser mais domingo.


(The Radio Dept. - Pulling Our Weigth)