Victor Requião

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domingo, 29 de março de 2009

Silêncio de uma manhã

Do outono, apenas percebo o balançar das cortinas ao vento
E as núvens ao longe que cobrem tudo,
Desaparecendo num instante e abrindo o céu ao Sol por completo.

Costumava ouvir durante anos
Uma mesma canção ao sentir os ares do outono
E repeti-la até o fim do inverno, ela está comigo agora.

A cidade continua a mesma,
Não por minha forma, que muda constantemente a cada olhar.
Mas pela certeza de ela continuar sem precisar de mim.

E isto é assim, desvanecendo um pensamento, forma, ou olhar
Para que novos venham, e sigam em outras maneiras.
Nelas me incluo, e sinto o Sol com um modo particular à cada manhã.

Pois nas cortinas entreabertas,
O vento balança, e eleva o som do seu balançar.
Como se dissesse que apesar do meu silêncio, há uma Natureza que pulsa lá fora em cada estação.

E em mim.

sábado, 28 de março de 2009

Cantiga de dormir

Ah, estrelas da noite
Liberem o sono da caixa mágica
E a paciência da algibeira de ouro.
Elevem o peso do dia para o alto,
Trazendo a vida
Que pulsa em outros mundos,
E sossego.

terça-feira, 24 de março de 2009

Conversa em tempos atuais

Fomos embora e assim no desfizemos de várias necessidades. Mudamos toda idéia que tínhamos a respeito do que viveríamos com o passar dos anos, tudo foi completamente mudado em dias que mais pareciam centésimos de segundo. Sempre há a intensão ingênua daqueles que não sabem até onde o passo dado por eles, assim os levará. A excitação faz com que a idéia de cores novas vindas da mudança acabe por valer a pena na sensação de novidade que esta pode lhes proporcionar. Sem muitas vezes ter em mente quais efeitos isto pode causar numa simples idéia impensada, ou completamente envolvida em um sentimentalismo unicamente vindo da excitação.

Estas ditas necessidades são os apegos, carregados durante muito tempo e que se tornaram parte da mentalidade de nós todos, uma realidade pertencente ao nosso próprio ser. Esses apegos, como cascas antigas, certamente precisam ser deixados com o próprio crescer que tivemos, e com a remota idéia de infância envolta na proteção instintiva vinda daqueles que estiveram ao nosso redor. Mas há outras necessidades! Estas não são simplesmente apelos vindos dos sentidos meramente físicos ou vontades apegadas ao próprio subconsciente. Existem forças maiores, forças que reinam acima da coletividade e acima de qualquer senso de proteção de um indivíduo, proteção esta vista tão necessária nos tempos atuais em que vivemos. A idéia de retornar ao eu, o eterno caminho de regresso da própria personalidade, ao se encontrar em momentos onde somente a sua vontade de nada muito adianta. Fazendo-se útil a completa entrega a certas sensações vindas de momentos não pertencentes a qualquer fase da vida, nem à infância nem à maioridade, mas ao completo senso de existência na natureza e neste planeta. Momentos simples como um aquietar-se em casa, e observar o tempo ouvindo uma música ou lendo um livro qual nos apresente novos lugares vividos por alguém, ou trechos da vida onde o autor achou interessante compartilhar.Ou até mesmo ver-se crescer, observar o próprio corpo e ao olhar fotos antigas perguntar a si mesmo onde tal criança existe dentro da figura atual, com barba e pensamentos de gente grande. Sendo que uma escolha feita abandona completamente as demais opções, tomamos novas direções nesta que fizemos. E com ela deixamos que as vidas contidas em cada uma das outras escolhas seguissem seus próprios rumos, quais não nos cabe mais qualquer decisão.


Foi então que apagamos as luzes, e as cortinas foram abertas. Apenas havia a lua cheia lá fora que banhava a cidade sonolenta, do alto de onde estávamos tudo ganhava um tom prateado e uniforme. Havia uma janela acesa ao longe, foi quando percebemos que alguém olhava em nossa direção.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Chamego dos dias

O tempo que não tenho tido,
Virá de volta a mim nos momentos soltos.
No chamego mesmo que de longe,
Passará o tempo a ser meu de volta
Trazendo-me novamente a leitura dos dias.

--

Respira as alturas, teus pulmões não ardem mais ao rarefeito ar!

sábado, 21 de março de 2009

Espelho

O cansaço negou os sentidos de qualquer exitação
E a correria teimou por continuar
Mesmo na quietude da solidão.

Indo, divagando e vivendo sem estar,
Não acreditou em promessas ou ansêios de futuro
Mas na impossibilidade do parado continuar.

No tempo sem saber, vindouro, haverá um marco de pedra
Qual dividirá os tempos que cessaram,
Da nova etapa repleta de novas realidades...

... refletidas do Eu, ao mundo.

sábado, 14 de março de 2009

Amorenar

Não, não está ao lado.
Nem em direções que a visão alcançe,
Mas nada impede que esteja perto,
Apesar de não haver sinais no que é conhecido.

As linhas que cruzam,
Apresentam outras direções,
Que podem até ser vistas.
Mas levadas adiante, já é uma outra etapa.

Somente quando cessa o desapego por completo, ao olhar para elas.
É que se dissipam as núvens que antes encobriam o céu,
E a pele se amorena ao Sol que entra pelas janelas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Além do ouvir e falar

Não existe nada similiar ao amor que tens,
Nele há o teu sentir sozinho,
Mesmo que escutes a quem te queiras falar
E sejas gentil a quem te queiras ouvir.

Nem sempre há a atenção merecida
Mesmo que tenhas o melhor a dar.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Cansaço insone

O cansaço insone,
Leva à ilusão,
Cegando o futuro.
O mundo dorme, e esquece.

Mesmo lúcido
Em descrente inquietude
Aconselha a noite profunda,
Domir é o melhor a fazer.

Mesmo depois da meia-noite,
O trabalho inacabado,
E os sentidos dormentes demais para crer.

terça-feira, 10 de março de 2009

Graciosa Virtude

Hoje estendi a mão à um ser gracioso,
Curvando gentilmente ao seu semblante
Sorridente e discreto,
Envolto no silêncio da sabedoria.

Nele, lembrei das palavras antigas
E das virtudes a serem alcançadas.
Conduzindo-me à paz daqueles que cultivam o mérito
Da serenidade mesmo na ventania e no trovão.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O silêncio da Vontade


Não há mensagens para enviar,
Nem expectiva de alguma chegar
Há esquecimentos,
Momentos que sobrepõem a outros, mais vívidos,
Acabando por perderem a importância momentânea.

Fica o silêncio, mas não aquele
Que se espera pela ausência de som.
Mas o que vem do que não acontece
E do que se perde na ausência da Vontade.

Acabaram de passar belezas.
Belezas daqui, de nenhum outro lugar
E elas se foram a conversar.
Mas nelas também havia o mesmo silêncio,
De não perceberem sobre elas o olhar.

domingo, 8 de março de 2009

Núvem ligeira

(Cantarolando: Soluz - Todo Vale)

Cantarolando, e olhando para o alto,
Vendo as núvens ligeiras passar pela Lua
Enquanto conversas novas e compreenção
Envolvia tudo em sensações além de mim.

Não havia estrelas, mas havia percepção
De que o momento segue,
Como seguirei daqui a uns dias
E ao todo voltarei, sem nunca ter partido.

Envolto pelo Sol e o seu dourado,
E na escuridão que me acolhe como amigo,
Cantarei novamente.

Percepções de um instante

Tantas coisas para serem ditas, vindas de diversas percepções num único instante. Maravilha, puramente maravilhas vindas do inesperado e que sairão das minhas mãos aos poucos para que possam ser lidas. Pois o real somente pode ser expresso manifestando a sua beleza...

Maravilha, maravilha!

--

(Sugestão de álbum: Paul McCartney (The Fireman) - Electric Arguments
Músicas: "Sing the Changes" e "Is this Love")

segunda-feira, 2 de março de 2009

Conselhos além mar

(Sugestão de album: Alela Diane - To Be Still)
(primeiros...)

Não te lanças ao primeiro navio,
Viajante do tempo,
Mesmo que sintas a tranquilidade do vento
E a calmaria do mar!

Por turbulentos redemoinhos,
Águas distantes, estiveram teus dias.
E de lá viestes mudado, continuamente,
Em mente e corpo.

Sei que as brisas não são mais as mesmas,
Por que tu não és o mesmo.
Nada está calmo ou agitado,
Porque o que balança como pêndulo é o que vem de ti,
E é necessário elevar-se acima da maré dos teus pensamentos.

Sei que sorrisos novos são tentadores,
Estão por toda a parte, e todo o tempo.
Mas é importante que olhe para os seus matizes,
E olhes novamente,
Quando achastes que um deles
É apenas o que te importa no momento.

Mesmo ao avistar os sinais antigos,
Não busques repetidamente o que conheces.
Por mais que te estejas acostumado
Observa os outros navios
Que veem e vão para mares distantes.

Visualizando o que desejas,
Criativamente e na simplicidade,
Enrriquece tua consciência
Purificando o ouro que há em ti.

domingo, 1 de março de 2009

Voo Astral

A coruja da noite soou,
E voou alto por minha cabeça
Conduzindo-me ao sono consciente
Como numa iniciação aos mistérios antigos.

Nas asas astrais virão descobertas.
Sob Vontade o Amor será desvelado,
E os caminhos clareados pelo Sol.