Victor Requião

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terça-feira, 24 de março de 2009

Conversa em tempos atuais

Fomos embora e assim no desfizemos de várias necessidades. Mudamos toda idéia que tínhamos a respeito do que viveríamos com o passar dos anos, tudo foi completamente mudado em dias que mais pareciam centésimos de segundo. Sempre há a intensão ingênua daqueles que não sabem até onde o passo dado por eles, assim os levará. A excitação faz com que a idéia de cores novas vindas da mudança acabe por valer a pena na sensação de novidade que esta pode lhes proporcionar. Sem muitas vezes ter em mente quais efeitos isto pode causar numa simples idéia impensada, ou completamente envolvida em um sentimentalismo unicamente vindo da excitação.

Estas ditas necessidades são os apegos, carregados durante muito tempo e que se tornaram parte da mentalidade de nós todos, uma realidade pertencente ao nosso próprio ser. Esses apegos, como cascas antigas, certamente precisam ser deixados com o próprio crescer que tivemos, e com a remota idéia de infância envolta na proteção instintiva vinda daqueles que estiveram ao nosso redor. Mas há outras necessidades! Estas não são simplesmente apelos vindos dos sentidos meramente físicos ou vontades apegadas ao próprio subconsciente. Existem forças maiores, forças que reinam acima da coletividade e acima de qualquer senso de proteção de um indivíduo, proteção esta vista tão necessária nos tempos atuais em que vivemos. A idéia de retornar ao eu, o eterno caminho de regresso da própria personalidade, ao se encontrar em momentos onde somente a sua vontade de nada muito adianta. Fazendo-se útil a completa entrega a certas sensações vindas de momentos não pertencentes a qualquer fase da vida, nem à infância nem à maioridade, mas ao completo senso de existência na natureza e neste planeta. Momentos simples como um aquietar-se em casa, e observar o tempo ouvindo uma música ou lendo um livro qual nos apresente novos lugares vividos por alguém, ou trechos da vida onde o autor achou interessante compartilhar.Ou até mesmo ver-se crescer, observar o próprio corpo e ao olhar fotos antigas perguntar a si mesmo onde tal criança existe dentro da figura atual, com barba e pensamentos de gente grande. Sendo que uma escolha feita abandona completamente as demais opções, tomamos novas direções nesta que fizemos. E com ela deixamos que as vidas contidas em cada uma das outras escolhas seguissem seus próprios rumos, quais não nos cabe mais qualquer decisão.


Foi então que apagamos as luzes, e as cortinas foram abertas. Apenas havia a lua cheia lá fora que banhava a cidade sonolenta, do alto de onde estávamos tudo ganhava um tom prateado e uniforme. Havia uma janela acesa ao longe, foi quando percebemos que alguém olhava em nossa direção.

Comments
2 comments
Soluz disse...

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Irmão,

É isso mesmo! Acordar não é apenas abrir os olhos em cada manhã. Acordar é abrir os olhos, olhar e ver mesmo o que está oculto. Acordar é trabalhar a clarividência, a visão clara, que pode acontecer em vários níveis de desenvolvimento dado o preparo de cada ser individual, mas que acabará certamente se refletindo no todo. Assim, creio, as coisas simples e mais difíceis de serem vistas aparecerão, pois os olhos, os ouvidos, enfim, os sentidos, acordados, estarão atentos.

Bênçãos!

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Manuella disse...

Fiquei pensando nas minhas mudanças - internas, externas e de espaço (no caso, de Recife para Salvador). E tantas coisas aconteceram! Quase nulos foram os momentos em que me questionei onde estava a criança que existiu em mim e, lendo o que você escreveu, percebo que ela não existiu. Ainda existe e me permite fazer coisas boas, viver momentos simples e dar valor à eles, até mesmo permitir viver a inocência. Claro, já não é mais uma inocência de outrora, mas, ainda assim, uma inocência. Muito bom refletir sobre isso e sobre todo o texto. Quem sabe a gente para pra conversar sobre isso? Muito bacana a possibilidade dessa reflexão, obrigada!

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