Victor Requião

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

O olhar que passava

Indo de desertos à campos verdes em um único dia.
Cruzando lampejos de paisagens adormecidas
Que acordavam lentamente ao olhar que por elas passava.
Mas não era visto, pois o ver ia muito além do abrir de olhos.

Numa casa simples, cedo pela manhã,
Saiu uma criança descalça à porta
Coçando os olhos que teimavam em abrir.
O sol tocou-lhe os cabelos e os fez reluzir ao olhar que passava.

Longe, mais à frente, um homem cuidava do campo,
Não percebendo o olhar que passava.
Suas mãos tinham a cor da terra
Ao mexer nas sementes e na força que enterrava.

Na cidade de mármore havia homens
Tão entretidos em seus negócios
Que não percebiam o Sol, nem eles mesmos,
E ausentes continuaram ao olhar que passava.

Ao mesmo tempo que cruzava vales e cidades
O tempo seguiu e apagou da paisagem o olhar que passava.
Não havendo mais sinal de que lá esteve
Ficando apenas marcado os acontecimentos na memória que não esquece
Daquele que cruzou a Natureza deixando-se passar.

Comments
1 comments
Unknown disse...

é verdade, às vezes muita coisa passa sem ser vista.. sábias palavras :)

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