Victor Requião

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quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Estou completamento nú e entregue à abstração, hoje senti forte o efeito de tal atitude "despojada". Tenho pensado muito sobre a natureza das coisas, principalmente aquelas que são originadas, direta ou indiretamente, pela mente humana. Que não passa de uma pequena fonte de energia comparada com a grande imensidão do cosmos e de todos os outros seres que vivem e convivem conosco, apesar de a sua grande maioria não serem vistas ou sentidas por tais mentes, nossas.

Sou apenas alguém entre a imensidão de seres, que seguem as suas vidas diárias tentando de alguma forma manterem ativos os seus corpos biológicos e tentar dar-lhes algum tipo de subsistência que os impessa de apodrecer enquanto carne. Mas o divertido e contraditório é que simplesmente existe algo em nós que não sentimos, mas está e muitas vezes é questionado, estudado as suas partes e suas supostas responsabilidades, o cérebro. Ele está dentro de nossas bolas de cálcio e simplesmente comanda todo o mecanismo, nos entregamos à ele, deixamos que ele tome conta, que faça o serviço pesado de nos conduzir através da existência corpórea. Apesar de as vezes, confesso, me sentir extremamente desconfortável de saber que tal coisa dentro de mim, mas na verdade é engraçado como os homens usam o próprio cérebro para estudar outros cérebros. Seria possível tal compreenção? Seria possível seguir um curso sem que estejamos num patamar de elevação que nos permita ver (sem os olhos, oras!) o real estado das coisas?

Acredito que a mente na sua infinita amplitude seja capaz de tal ato, mas disso eu quero tirar as concepções deduzidas por sábios (homens!) que de alguma forma tiveram um acesso à elevação que mencionei a pouco. A meditação, um caminho antigo para o "sair de si mesmo" seria uma boa escapatória da ilusão criada por tais cérebros, comandantes e inventores de necessidades. Mas isso tambem tem um sentido muito subjetivo que por mais que eu tente, acabo por entrar num devaneio que muitas vezes me conduz a um estado realmente fora da realidade aparente que crermos existir. Tem algo que creio ser simplesmente o caminho perfeito, para o encontro da pista de como o real (não a do dicionário) pode ser encontrado em nós.

A arte! Simplesmente algo cerebralmente humano e solto, sem prisões físicas mas ainda condicionado à limitação de pensarmos e crermos ter o poder (e o direito!) de mudar as coisas como se elas fossem realmente projetas para nós por algum ser metafísico em um outro estado inatangível pela nossa compreenção. Essa arte se manifesta das formas mais inusitadas, claro que formas que foram criadas por nós e para nós. Essas mesmas formas nos entretêem e nos fazem crer que há beleza nisso tudo, o que eu concebo que deva existir de alguma forma.

E essa tendência à simetria? Vinda dos gregos, é o que dizem, mas não tenho como afimar. Nos prendemos à forma dentro de uma cúpula desforme, dentro de uma abstração tão clara que as vezes quase posso tocar, e ela nos anestesia de alguma maneira. Universalmente não há simetria, senão o pensamento humano que tende à tal idéia (cerebral!) de perfeição, mas há os opostos. E a complicação disso tudo é aceitamos e nos deixarmos guiar pela duplicidade das coisas, não falo de deuses que brigam pela devoção humana. Um pensamento não teísta é nessa hora algo extremamente salutar, acabamos porque a duplicidade se completa de uma forma não simétrica, não linear. Tendendo a um caos completamente existente em tudo! É simplesmente queimarmos um pouco do nosso fosfato cerebral para analisar as dedução matématicas, para crer que podemos criar um universo completo numa folha de papel, que me perdoem as irmãs árvores. E assim termos mais um fruto de nós mesmos, se podemos dentro de nós ou externamente como estão a futucar "cientificamente" a anti-matéria criar coisas, cosmos, cisnes voadores e chips de silício, por que não poderia haver outras mentes cogitando tal situação?

Eu nem quero pensar nisso, pois já me basta o grande número de variáveis que tenho de lidar diariamente dentro de um algorítimo orientado à objetos (e por que não à aspectos?) dentro de minha mente. E apenas aqui deixo um pensar, se estou aqui a escrever é porque aqui estou, seja por estar usando o meu ventríloco corpóreo ou seja porque os macacos conseguiram a grande façanha de inspirar Darwin. Então por que não poderíamos pensar juntos num universo distante e compartilhar coisas tão próximas quanto o ato de nos olharmos no espelho?

Comments
1 comments
Thiago Requião disse...

Poderia deixar algumas perguntas, no lugar de comentários longos.

Quem me prova que eu não sou simplesmente a imaginação de alguem? ou eu sou alguem que está em cima de uma cama, em coma, e que ACHA que está vivendo tudo isso? ou ainda, quem me prova que eu não sou fruto da sua imaginação, como um simples figurante da sua vida?
Eu acho que sou maluco, porque eu realmente penso nisso mesmo.

Você fala de seres que não sentimos. E se eles não existirem? Não estou aqui dando uma de ateu, porque eu não sou. Da mesma forma que não posso provar que exista, tambem não provo que não exsista. Sei la, eu fico no meio termo, prefiro acreditar em energias, acho a idéia dee um DEUS unico e todo poderoso, muito complicado pa acreditar.
sim, como não tenho as respostas para essas perguntas e estou cansado, vou indo.

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