Victor Requião

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ouvindo o chamado do mundo


(Journeyman - The Lovetones)

Não é apenas nós que chamamos o mundo, buscando conhecer coisas novas, lugares novos ou conhecimentos que nos mostrem uma nova realidade perante a vida. O mundo também nos chama de volta, mas não necessariamente da mesma forma que buscamos aumentar a nossa participação nele. Não basta simplesmente concebermos esta possibilidade de ampliarmos os nossos horizontes por terras além da qual nascemos, precisamos ir além, não bastando somente manifestarmos a nossa intenção. Precisamos aprender a ouvir o chamado do mundo à nossa volta.

Ouvir o chamado do mundo está muito além de agarrarmos uma nova possibilidade profissional ou pessoal e decidirmos mudar, sendo que o próprio planeta como um ser vivo consciente nos convida a participar ativamente desta mudança. Ele nos retorna com sinais que podem ser lidos, expandindo a nossa percepção do caminho novo que optamos por seguir.

Ontem enquanto fazia a minha mudança de Salvador pra São Paulo, como uma continuidade da evolução da minha carreira profissional, pude perceber diversos detalhes onde o meu próprio Caminho, o próprio mundo como me via, me fez cruzar por situações que simbolizavam etapas vividas até então. O mundo se manifestava através de pequenos sinais, como que quisesse me lembrar as facetas da vida de onde realmente venho.

Um deles foi no trajeto da minha casa até o aeroporto, quando rapidamente vi através da janela do taxi um homem que caminhava lentamente vestindo a camisa de um evento social promovido anualmente pela empresa qual trabalhei até o dia anterior. Além de ter sido uma coisa inusitada por nunca ter visto alguém usando esta camisa lá no meu bairro, o que vi de mais simbólico neste breve momento foi que a camisa datava do evento realizado no ano em que entrei na empresa (2008), e qual eu havia participado!

Logo em seguida, já no avião passado um tempo de voo, percebi que estava ao meu lado uma antiga membra de uma sociedade espiritualista qual eu frequentei por muito tempo durante a minha adolescência, lembro da primeira vez que fui numa reunião aos 16 anos! Durante algum tempo ao lado desta mulher eu fiquei quieto, ela não lembrava-se de mim e eu continuei imerso em devaneios sobre a significativa mudança que estou direcionando. Porém de subto algo na minha cabeça me fez voltar à realidade ao meu redor. Perceber que as pessoas que encontramos de repente depois de muito tempo sem vê-las, como que trazidas pela própria vida, sempre nos tem algo a dizer. Assim me pus a conversar com ela, chamando-a diretamente pelo nome, o que não preciso nem dizer sobre a feição de surpresa da mulher. Conversamos até o pouso, e ela sorria surpresa com a riqueza da minha memória, tanto em lembrar das pessoas antigas que lá frequentavam, quanto, principalmente, de certos hábitos da personalidade de cada uma delas.

Outro sinal que me tocou aconteceu exatamente no dia anterior à minha viagem, exatamente enquanto terminei o meu último dia de trabalho e fui encontrar com um grande amigo numa livraria próxima ao escritório da empresa. Novamente "sem querer", me deparei com a filha do dono de uma outra livraria que costumava passar somente para folhear uns livros momentos antes de ir ao local da reunião semanal desta sociedade espiritualista que mencionei. Lembro-me de vários anos atrás ter tido uma conversa bastante agradável com ela lá na livraria, sem saber que levaria um bom tempo para encontrá-la "casualmente" noutra livraria!

Desta forma, percebo que é interessantíssima a oportunidade que temos de "ler o livro do mundo" e vermos com outros olhos o personagem principal que somos nós. É como se em determinadas épocas suas páginas estivessem mais abertas aos nossos olhos sonolentos, e que é preciso uma mudança significativa em nossas vidas para que saindo de um bocejo consigamos ler com clareza as suas linhas. Vamos continuar observando, pois novas (re)vivências nos serão mostradas pelo Caminho que decidimos seguir pelo mundo, e com o despertar da nossa consciência veremos que o sentido de unidade entre tudo e todos ficará cada vez mais forte.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O estalo da consciência

Estar consciente é muito além de estar acordado, estar desperto envolve muito mais do que acordar de um sono onde tudo ao redor parecia cessar no silêncio da noite. A importância de estar consciente é tão presente em nossa história, que o título espiritual de "Buddha" dado ao príncipe indiano Siddhartha Gautama significa "aquele que despertou", e isto no mundo atual não é somente visto como uma característica necessária apenas aos grandes homens iluminados. Claro que no conceito budista do termo, estar desperto envolve uma série de libertações, principalmente das ilusões criadas pela nossa própria mente que nos impedem de ver as coisas como realmente são. E assim, nos impedem de alcançar a clara luz interior, ou seja, a tão falada felicidade que lota as prateleiras das livrarias nos mais diversos livros.

Estar desperto também envolve ultrapassarmos um nível mais sutil, que é estarmos atentos aos pequenos gestos que a vida ao nosso redor muitas vezes nos demonstra e simplesmente não conseguimos ver. Não que isto não seja possível, a grande questão é que isto não tem sido parte do foco da nossa atenção até então. Outras coisas apelam pela atenção dos nossos sentidos à todo instante, desde o oceano de informações que temos acesso pela internet e muitas vezes ficamos confusos sobre o que realmente nos interessa, até pela falta de "profissionalismo político" do governo, que nos beira à indignação e faz emergir do nosso interior as mais conflitantes sensações.

Esses pequenos gestos que falo e que são tão necessários para nutrir a nós mesmos são os mais simples, aqueles que fazem parte da nossa própria natureza. Saber ouvir o que as outras pessoas tem a dizer, e principalmente, sermos receptivos à idéias diferentes (e por que não divergentes ?), são de grande estímulo para que a nossa mente dê um estalo e nos permita acordar para a realidade evidente ao nosso redor. Realidade de que existem pessoas além e que elas são exatamente iguais a nós, possuem seus desejos de felicidade, de crescimento profissional, choram, babam no travesseiro, vão ao banheiro, e acreditem, fedem se não tomarem banho! Por que será que até as coisas mais simples da nossa existência foram deixadas de lado, aquelas que nos permitem ver que tudo no fundo é uma coisa só?

Por outro lado vemos o grande esforço pelo desenvolvimento sustentável frente aos efeitos que já começamos a sentir por causa da irresponsabilidade nossa ao tratar o meio ambiente. Claro, estar atento aos pequenos hábitos, pequenos gestos diários, é também estar consciente e despertar para uma realidade que nos toca o nariz e que precisa da nossa interação.

Assim, segue abaixo algumas "pequenas" atitudes que servem de estalo pra nossa consciência e que nos ajudam a sair da sonolência diária:

1 - Cultive o hábito de perguntar a si mesmo "onde estou?" e "o que estou fazendo agora?";
2 - Quando conversando com alguém procure observar as reações faciais da outra pessoa, e perceba o quão significativo o seu discurso está sendo pra ela;
3 - Torne-se consciente do silêncio, não somente de lugares que sejam propícios a ausência de ruídos, mas principalmente, desperte o seu silêncio interior;
4 - Seja consciente daquilo que há em sua casa que não tem utilidade alguma e que pode ser doado ou reciclado. Reduza-se ao essencial!
5 - Acorde para a realidade exterior, perceba que existe um mundo lá fora além do seu escritório, da sua casa confortável e da sua mente fechada!
6 - Perceba que a tecnologia é um mero instrumento dos tempos atuais e não um fim em si mesmo, como uma machadinha de pedra lascada era um mero instrumento para os homens das cavernas.
7 - Conscientize-se que os seus amigos existem fora dos programas de bate-papo, então, aprenda a desligar o computador, diminuir o número de mensagens SMS pelo celular e cultivar a conversa olho a olho!
9 - Conscientize-se para a simples realidade física de que todos somos iguais e que os nossos corpos têm as mesmas necessidades;
10 - Pense em cada produto que consome, seja consciente do impacto que você causa ao meio ambiente ao usar um copo plástico novo a cada vez que for beber água. Torne-se consciente do que pode ser reutilizado;
11 - Perceba no seu dia-a-dia, o quanto pode reduzir o uso do papel. Será que o volume de correspondências (faturas pra pagamento, informativos, etc) que recebe mensalmente pelo correio não poderia ser reduzido se optasse por recebe-las por e-mail?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Devaneio sobre a mudança

Eu não sabia ao certo como as coisas iriam ser levadas, simplesmente me permiti seguir em frente sem pensar muito. Procurei não raciocinar exatamente no que poderia acontecer se realmente tivesse que mudar para outro lugar, apenas concentrei o meu foco e dedicação no caminho de me conduzir à própria mudança.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Acordar o dia

Há luzes que piscam lá fora da janela
E há ventos que sopram em outras direções,
Mas há vida em cada ser
E cada um conta a sua história.

Nós não herdamos o tempo,
Tampouco somos quem vivemos num único dia.
Porém enquanto dormimos demais
Perdemos o brilho do Sol que nos conduz à infinitas direções.