Victor Requião

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terça-feira, 20 de março de 2007

Contos interditos - Parte 14

Primeiro despertar

Dhrei tivera um sonho lúcido como algo realmente vivido, sonhara com uma casinha feita de pedra onde nos fundos havia um grande lago de águas plácidas e frescas. Ainda posso sentir a brisa que de lá soprava, era de um contentamento que levaria aquele que tivesse um gosto para as pequenas coisas à estados inimagináveis. A casinha era singela, sem muitos adornos que a fizessem destoar do clima magestoso que a paisagem inspirava, suas paredes de pedra poderia ser confundidas quando vistas de longe com a protuberância da montanha, que continha o lago e ela também, que extendia-se pelo vale. Havia uma árvore de tamanho médio ao lado da pequena casa, era engraçado como as folhas que dela caíam no outono deixava o seu telhado repleto de tons multicores trazendo a sensação de que ela existia num universo puro e intocado pelas superficialidades dos homens.

Sentia-se dentro da casa, ele e Tomas, vestidos de forma simples como verdadeiros homens cultivadores da vida campestre quando de forma súbida a porta se abriu. Entrava Hesse com o rosto um pouco cansado, porém emitindo grande luz. Sua barba estava por fazer, dando a impressão que havia se aventurado por muitos lugares e não tivera tempo para reparar pequenos detalhes da sua aparência. Lá ele entrou, com um sorriso de grande mocidade nos lábios e assim fitou os dois rapazes de uma forma extremamente cortez, dando-me a impressão de querer envolvê-los nas sensações que fluiam-lhe pelo corpo. Trazia na mão um galho de árvore, um tanto grosso, que provavelmente lhe servira de cajado durante suas andanças.

Tomas sorriu em únissono e assim sentiram uma certa alegria por estarem os três em momentos como aquele. Sabia que Hesse havia vislumbrado sinais da própria natureza e se identificara completamente com eles. Como de fato é necessário quando não se acostuma facilmente com as coisas e arriscar-se mais, procurando sempre seguir os caminhos que tais sinais indicam.


Dhrei acordou sentindo um cansaço tão profundo que o deixou inerte durante vários minutos, sentia conscientemente as sensações que vinham do seu corpo e de olhos fechados permanecia. Olhando para ele poderia ter a impressão que estava novamente a dormir, mas não estava. Dormente deixou que tudo aquilo não tivesse explicação alguma, não necessitava de que mais nada lhe viesse com definições, ainda mais num momento como aquele depois de tudo que vivera em seu sonho. Viu que existiam caminhos a seguir e que não podia ficar parado, ou acostumado com apenas um deles. Aquilo tudo o deixou malancólico, nada muito diferente das forças que o tomam sempre que está num momento de transição entre direções aparemente opostas. Encontrava-se na região nebulosa entre os caminhos que estava disposto a seguir, a incerteza dos passos e a forma como os sinais iriam guiá-lo no fundo faziam sentir-se um pouco leve por ser ele mesmo e poder de alguma maneira ter acessos a essas oportunidades da vida. Que os sinais da natureza continuem a vir e a rodopiarem todas as suas formas e direções! Que tudo se transforme, fragmentando-se em mil pedaços desnudos de início após um novo fim...

Comments
2 comments
Anônimo disse...

sabe qdo vc começa a ler um livro..e, coincidencia ou nao..aquilo tudo q vc estah lendo, flui pra dentro de vc...e mt do escrito se torna seu momento...mesmo q com a velocidade de um pensamento? assim que me sinto, toda vez q vc nos presenteia com um novo conto...imaginar as cenas...poder quase sentir e tocar e viver,,,essa entrega, nao deve ser estranha e nao é infundada...isso deve ser akele lance de "dar asas à imaginaçao",,,ainda penso..tera q editar um livro...e mal posso esperar por esse dia!!!!!!!!!!!!beijao no coraçao...

Anônimo disse...

hj..com mais calma..
"Que os sinais da natureza continuem a vir e a rodopiarem todas as suas formas e direções! Que tudo se transforme, fragmentando-se em mil pedaços desnudos de início após um novo fim..."
...e tem como parar ??
=)

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