Victor Requião

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Contos interditos - Parte 4

Permitir-se

Os dois se entre olharam e sorriram, Drhei sentia-se bem por poder ter sido compartilhado com ele as sensações que Hesse vivenciava naquele instante. Ele o conhecia a algum tempo, porém Hesse era tão longe de ser! Falava, mas o que dizia não era simples, os outros o ouviam atentamente mas só ele se permitiu contato. Era bom para ele sentir-se inspirado por certas conversas e certos goles de alguma bebida gelada, lembro-me que da última vez o que pedira para beber o enjoou facilmente apesar das conversas sobre sorrisos disfarçados e perfumes que enebrivam-lhe os ouvidos.

Dhrei comentava-lhe que o pensamento também existia dentro de si, e que o maltratava em certas ocasiões, mas certamente não eram iguais ao que Hesse sentia. Demoraram tempos para chegar a tais conclusões em parceria, apesar de certas afinidades. Em um dos lados muitas vezes existia uma recusa de manifestar-se, de compartilhar algo que poderia não ser muito bem notado ou que fosse de alguma forma julgado. Esse era o típico pensamento montanhês que poderia se notar à distância como um farol aceso na penumbra, mas que certamente nem todos aceitavam em acender os seus ao vê-lo brilhar de lá do alto.

Comentavam repetidamente, em momentos esparços, sobre aquela que lhes serviram as bebidas. Hesse sentiu-se atraído de uma forma distante, mas nada manifestou a não ser um leve contentamento por ter podido ter momentos como aquele. Ela o notou por um instante, e deixou-se prozear algumas palavras de uma forma espontânea, e era notório que o semblante dela era algo mais que aquilo que no momento podía-se ver. Existiam certos compromissos que Drhei não percebeu, mas Hesse o mostrou e assim notaram que um sorriso como aquele é algo muito delicado. Pois existem forças muitas vezes imperceptíveis que precisam ser levadas em consideração quando uma atitude tão despojada, como aquela que tinham, era deixada-se notas além dos dois.

O nome de Tomas foi tocado, apenas no momento em que a lembrança de um dizer seu veio à mente de Hesse e ele a deixou sair. Ainda tinha muito o que conhecer e perceber do que envolvia aquele que ele sentiu um tom parecido na caminhada que ele mesmo agora fazia. Tão igual que o agoniava certas coincidências de tempo e espaço que notava quando conhecia mais aquela vida que já tinha o seu mundo, mas que só agora foi-lhe apresentada quase que sem querer.

Tinham coisas a fazer, porém naquele momento somente o que compartilhavam importava. Eram diferentes em diversas maneiras, mas existia uma certa cumplicidade na forma como Drhei respondia às emanações de Hesse. Foi quando o último lembrou de que alguma coisa muito forte e sombria acontecia no interior de si mesmo naquele momento e tentou contentar-se com o enjoo e as mãos geladas característicos daquele tipo de acontecimento. Olhou para a moça e novamente olhou, sabendo que de alguma forma aquilo teria algo a lhe dizer...

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