Victor Requião

Assine

Sobre

Twitter @victorrequiao

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Contos interditos - Parte 1

Percepções leves

Em tempos nem sempre breves, consigo ver a figura escondida e rebelde que Hesse figurava quando olhava para o vento. Enquanto simplesmente deixava-se entorpecer pelo gosto ainda presente em sua pele das emoções sentidas e que, segundo ele, o faziam entorpecer a consciência numa forma muitas vezes necessária. Naquele dia estava diferentemente novo, entorpecido pela chama que o queimava de algum lugar e que ele simplesmente deixava-se consumir como vela acendida por algum faraó em algum templo secreto.

Somente observava a multidão de sorrisos que passavam frente os seus olhos e que o levavam a sentir o aroma daqueles passos e daquelas carícias que os corpos faziam ao cruzar o ar a cada passo. Novamente o gosto voltava-lhe à mente e o torturava, mas ele deixava que viesse e mostrava-se algo consistente naquele constante movimento muitas vezes inusitado de sensações. Lembrava-se de todos os que conhecia e permitia-se sentir as fragâncias dos momentos vividos que o faziam se comportar como algum almirante, agora desprovido do seu cargo, que contemplava o mar como uma leve mistura de não-perda e juventude.

Era tudo tão novo, em uma bele roupagem aveludada! Isso era tão forte na sua cabeça que Hesse procurava apenas não lembrar de todos os versos e tentativas de compreenção tateadas como golpes no ar em tempos não muito distantes. Ele simplesmente procurava deixar com que os goles dados da bebida ainda gelada procurassem dissipar o véu do passado e lhe conduzissem a um breve momento de novidade. Era explêndido poder ser tudo aquilo, poder saber que no seu íntimo tudo poderia ser percebido e acariciado sem o menor receio de ser livre ou de ter que parecer belo numa forma que agrade aos cegos.

Enquanto observava os ruídos de vidros se tocando, lembrou-se de Haller e Sinclair, não mais os via. Simplesmente haveriam transcendido a diversidade que se encontravam em contos interditos? Eles estavam consigo, num mesmo planeta verde que o levava ao sabor do musgo fresco e dos raios de sol que não teimam em raiar.

E Tomas que acabara de conhecer, ainda estaria na janela sem saber o que fazer?

Postar um comentário